Educar os filhos para gerir um patrimônio herdado é tão ou mais desafiador que construí-lo. Diante dessa realidade, a revista VOA compartilha nesta edição a experiência de Valdomiro Valente Remussi, empreendedor que veio do interior do Rio Grande do Sul, formou-se no Curso Técnico de Contabilidade e, desde então, não parou de ler e estudar sobre tudo o que considera essencial para si mesmo e para os filhos. Com simplicidade e clareza de ideias, ele expõe algumas verdades e preocupações em relação ao conhecimento necessário sobre finanças. Ciente da importância de seu papel de pai, o empresário nos conta um pouco de sua história, como fez para superar os obstáculos do início da carreira profissional e sua forma de orientar os filhos para que estes saibam dar continuidade ao seu legado.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA A VIDA
“A educação financeira é a base de tudo que você vai fazer na vida. Quando eu vim do interior, lembro que a primeira coisa que me perguntei foi: como vou enfrentar este mundo com tanta gente competente? Como vou alcançar o sucesso? Concluí que deveria aprender um pouco de tudo para dominar as coisas que iriam surgir. Então fui aprender contabilidade, um pouco sobre contratos, finanças e comecei a ler livros de economia, porque essa é a base de tudo para qualquer profissão, tanto para um arquiteto, engenheiro, psicólogo, médico, para um pequeno, médio ou grande empresário. Não adianta ser o melhor ou a melhor profissional do mercado se você não tem gestão financeira para gerir sua renda. Você pode delegar algumas coisas, mas você tem de fiscalizar tudo, sempre, além de conhecer matemática, fluxo de caixa, ter noção de contabilidade, um pouco de finanças, tudo isso é importante.”
ORIENTAR OS ESTUDOS DESDE O INÍCIO
“Quando começamos a dar mesada aos nossos filhos para arrumar a cama e lavar a louça também estamos começando a educá-los financeiramente. Tem muita gente que diz: ‘Dou dinheiro para meu filho e ele faz o que quiser, depois lá na frente o problema é dele’. Isso não vai resolver o problema, isso é bolsa-família! Se você quer ser eleito pelos filhos para ser o pai querido, faça isso, você está comprando votos através do bolsa-família! Tem de ensinar, fazer fluxo de caixa e acompanhar. Mostrar as melhores alternativas de investimentos e deixar fazer para aprender. Orientar sobre a questão tributária também é importante. Atualmente, as variáveis neste quesito são muitas. Outro ponto importante é criar estruturas para abrigar os investimentos facilitando a sucessão do patrimônio para futuras gerações. Se os pais não sabem nada, não tem problema, podem buscar o conhecimento e aprender ao passo que ensinam os filhos. Sempre digo que o patrimônio é da família, não é meu, e precisa continuar sendo produzido para as gerações seguintes, dando ‘perpetuidade’. Quanto mais cedo puder começar a ensinar, melhor. Então o que fazer para educar os filhos nesse sentido? Atualmente, existem muitos cursos de educação financeira, estágios em empresas, mas envolvê-los é fundamental! Dar responsabilidades, orientar e conversar em casa. Deixa fazer, não é problema cometer erros. O problema, mesmo, é nunca ter feito por medo de errar, isso sim, é um grande erro. Quando eles veem o ganho, vão vibrar. Não é só cobrar e dar mesada, isso é não fazer nada. Só na conversa não funciona, precisa fazer. Não concordo com aprender apenas com os erros dos outros, é preciso cometer seus próprios erros para aprender de verdade.”
BUSCAR O QUE É PRECISO SABER
“No início da minha carreira profissional fiz alguns cursos, mas estes que fiz, hoje, estão todos ultrapassados. Minha trajetória de vida veio sempre com a busca de informações, conhecimento e de fazer, fazer, fazer. E de tanto fazer vem a experiência que é tudo o que se precisa. Uma coisa importante é saber administrar o tempo: usá-lo a favor para produzir. Com o dinheiro não se compra tempo, mas com o tempo se pode produzir muito dinheiro. Visito profissionais de gestão de patrimônio, vou na fonte falar com o gestor do negócio e sempre gostei de ler notícias. Mesmo quando não tinha patrimônio, pensava: como vou me defender? Então buscava informação, lendo livros de economistas há muito tempo. Essas coisas a gente aprende indo atrás, não é algo pronto. Vai atrás, aprende com as informações que têm no mercado, vê o que é certo e o que cabe para você. O que não cabe, deleta! Não espere que você vai ganhar dinheiro entregando as coisas para os outros fazerem, você pode ‘delegar’ mas não ‘entregar’. Aprendo e leio todos os dias. Tinha momentos em que não entendia três palavras do que lia, daí lia mais uma vez. Vou atrás e prefiro as coisas que me fazem pensar. Assim, minha mente fica mais jovem”, finaliza Remussi.