Pesquisa do IDEF mapeia as empresas familiares da Serra Gaúcha

Inspirado nos estudos da KPMG e com o objetivo de conhecer o cenário da Governança Familiar, o IDEF se dedica, desde 2016, ao levantamento sistemático de dados sobre pequenas e médias empresas da região.

Explorando diferentes regiões e segmentos de negócios, as pesquisas realizadas pelo Instituto de Desenvolvimento da Empresa Familiar (IDEF) totalizaram, até o momento, 253 respondentes, entrevistando fundadores, esposas e sucessores das famílias proprietárias. É uma amostragem representativa que permite compreender o estilo de gestão e a maturidade de nossas empresas, fornecendo subsídios para comparações com práticas já consolidadas de governança apontadas em estudos nacionais e internacionais.

Os dados coletados em nossa região demonstram sincronicidade com a pesquisa realizada pela KPMG em grandes empresas brasileiras. Percebe-se também que é um desejo da maioria dos nossos fundadores manter o comando do negócio com a família fundadora. Os fundadores ainda estão à frente dos negócios na maior parcela das empresas entrevistadas, sendo que algumas já compartilham a gestão com a segunda geração. A médio prazo, este cenário aponta uma tendência de ocorrer a transferência do controle acionário nas empresas da região.

No entanto, essa transição vem sendo feita de maneira natural, sem planejamento sucessório, pois poucas empresas relataram a existência de um projeto de desenvolvimento para seus sucessores. A prática de trabalhar na empresa do pai desde cedo é comum nas empresas entrevistadas, sendo pequeno o número de jovens que possuem uma experiência externa antes de trabalhar com a família – mesmo que estudos comprovem que ter experiências externas, sejam de trabalho ou de estudos, favorecem muito o preparo, a confiança e a credibilidade do jovem ao assumir funções no negócio da família.

Entre os temas identificados nas pesquisas realizadas pelo IDEF, destacaram-se necessidades de formar e aperfeiçoar de forma contínua a família proprietária, presente ou não na gestão, assim como compartilhar informações sobre os negócios com todos os envolvidos, tornando-os ativos e cientes das decisões, respeitando seus papeis e responsabilidades. Além disso, é essencial que o processo de sucessão comece cedo, quanto mais o sucessor e seu sucedido estiverem preparados, menor o impacto nos resultados do negócio.

Os desafios desta etapa provocam rupturas e mudanças. Há, portanto, a necessidade de um plano de continuidade que considere o momento de transição. É preciso levar em conta expectativas e necessidades de fundadores e novas gerações, sem perder de vista a preservação do legado e a busca pelos resultados almejados, pois é certo que o momento de deixar o comando é de angústia para o fundador. Saber construir um novo papel dentro do seu próprio negócio e fazer parte de uma nova estrutura de comando é uma habilidade a ser desenvolvida, que demanda tempo, planejamento e coragem.

A representatividade das empresas familiares na Serra Gaúcha é de extrema relevância para a economia da região. Portanto, o bom desempenho na gestão familiar é essencial para a longevidade do negócio e para o desenvolvimento regional.

EMPRESAS FAMILIARES DE ANTONIO PRADO

Na cidade de Antônio Prado, em pesquisa realizada exclusivamente para a Câmara de Indústria, Comércio, Serviços, Agropecuária e Turismo (CIC) no primeiro semestre de 2019, o IDEF constatou que os resultados demonstram similaridade com Caxias do Sul e região. O estudo apontou que 81% das empresas entrevistadas estão com seus fundadores no comando do negócio, são empresas mais jovens e apenas 29% delas têm a segunda geração no comando. A ausência de planejamento sucessório e plano de carreira para os jovens também é uma realidade na região.

O propósito da pesquisa foi despertar para a importância do tema planejamento sucessório para a longevidade das empresas familiares da região. “Com os dados e as informações levantadas, poderemos ser mais assertivos ao dialogarmos com os nossos associados, correspondendo melhor as suas expectativas e necessidades quanto às demandas. A pesquisa também será um marco para o município, pois não há registro destas informações. Acredito que termos estes dados representa uma importante ferramenta para futuras análises socioeconômicas e para estratégias de negócios, fomentando não apenas a economia local, mas também sendo um motivador para outros empreendedores”, avalia Marcelo Maschio Piazza, presidente da CIC de Antônio Prado.

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