Governança Patrimonial: o surgimento da família investidora

por Eduardo Bridi
Advogado, Especialista em Direito de Empresa e Professor Universitário associado ao IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Um empreendedor de sucesso bem sabe todo o esforço, tempo e dedicação que são destinados à construção de um negócio que possa subsistir ao tempo, garanta um padrão de vida para a sua família e um patrimônio que possibilite uma existência tranquila. Viabilizar que, no futuro, a empresa, a família e o patrimônio sejam preservados é essencial para a manutenção do sucesso. Este é o ponto no qual a governança patrimonial se apresenta como uma forma de estruturar os caminhos pelos quais o empreendedor e sua família superarão as ameaças diárias e caminharão seguros.

Um estudo aprofundado da atividade empresarial e da sua vinculação ao patrimônio construído pelo empreendedor possibilita verificar qual parte (do patrimônio) efetivamente necessita estar essencialmente ligada ao dia a dia da empresa (direta ou indiretamente para a manutenção das relações com colaboradores, investidores e parceiros estratégicos).

Neste contexto, é essencial buscar apoio que possibilite tratar profissionalmente a relação entre o lucro obtido com a atividade econômica, o reinvestimento deste em novos projetos da própria empresa e os projetos e investimentos da família. Não se trata simplesmente de criar uma “holding” para realizar uma “blindagem patrimonial” (palavras, atualmente, muitíssimo utilizadas), mas de tratar o futuro da família por meio de um trabalho profissional, dedicado e eficiente e, em muitos casos, separado daquele que trata da rotina da atividade empresarial.

É importante ter maturidade para tratar dos diversos aspectos do contexto familiar de cada empreendedor, que, por inúmeras circunstâncias da vida (falecimento, divórcio, filhos de mais de uma união, etc.) pode ter criado uma nova família e tem a necessidade de que seja traçado um caminho seguro e adequado para o patrimônio.

É essencial salvaguardar as relações pessoais e empresariais entre fundadores e sucessores, mesmo porque nem sempre os sucessores têm as mesmas características ou aspirações do empreendedor. Somente com uma visão sistêmica das relações entre empresa e família é possível tratar o patrimônio de forma a viabilizar o surgimento de uma família investidora, e que esta alcance a perpetuidade.

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