Cultura de segurança: a negação dos riscos e as catástrofes anunciadas

Sem tempo ou psicologicamente “cegos” para analisar profundamente as causas dos acidentes em nossas organizações e em nossa sociedade, somos expostos a catástrofes em grande escala como o acidente da Barragem da Samarco, em Mariana (MG) – tragédia que terá “vida longa” em nossa história. A ocorrência do acidente evidencia o que a empresa DuPont Sustainable Solutions (DSS) apontou em sua Pesquisa sobre Percepções de Segurança.

Antonio Cruz/Agência Brasil

Rompimento da barragem da Samarco em novembro de 2015 destruiu cidades e provocou uma catástrofe ambiental

A empresa identificou que uma sólida cultura de segurança reduz diretamente os incidentes e protege vidas. Isso ajuda a cortar custos, estimular uma força de trabalho mais satisfeita e mais produtiva, deixar as instalações mais eficientes e melhorar a imagem pública da organização. Tudo isso gera benefícios financeiros e competitivos significativos.

A pesquisa foi aplicada em centenas de clientes no mundo todo. O banco de dados inclui mais de 1 milhão de respostas, abrangendo 64 indústrias, 41 países e mais de 5.400 locais. Em 2009, os resultados demonstraram conclusivamente que os três aspectos da cultura de segurança – liderança, estrutura, processos e ações – estão correlacionados com as taxas de lesões.

Para a empresa, o aprimoramento da cultura de segurança das organizações envolve mais do que remover os perigos e institucionalizar regras e procedimentos de segurança: envolve trabalhar com as pessoas para mudar suas atitudes e comportamentos, tanto no trabalho quanto fora dele.

Reprodução

Livro traz perspectiva psicológica da cultura de segurança

É nesse contexto que se insere o livro Segurança no Trabalho: A Construção Cultural dos Acidentes e Catástrofes no Cotidiano das Organizações – Uma Perspectiva da Psicologia, de Magda Madalozzo e José Carlos Zanelli. A obra propõe um olhar psicológico para um tema que ainda paralisa os executivos, o poder público e a sociedade civil. O livro ainda oferece importantes orientações práticas para a implementação de ações que fortaleçam a cultura de segurança nas organizações e aponta caminhos para identificar as crenças que em determinadas culturas organizacionais podem fortalecer a negação de riscos. De valor incalculável em tempos de crise e redução de custos, esta obra alerta para a importância da ampliação da percepção de risco e das responsabilidades sócio-ambientais. Mesmo em momentos de retração da economia é fundamental investir em cultura de segurança, sob pena de o remédio ser ainda mais oneroso do que a prevenção.

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