Há um consenso entre os especialistas de que vivemos uma época de transição demográfica. Estudos como o relatório Megatendências Globais: uma síntese das implicações, da PwC, mostram que essas mudanças afetam não apenas as relações sociais, mas a organização do mundo do trabalho e a economia de modo geral. São transformações como, por exemplo, o aumento da população mundial e a manutenção desse crescimento nos próximos anos. De acordo com o Instituto Francês de Estudos Demográficos (Ined), em 2015 éramos 7,3 bilhões pessoas no mundo – em 2050 a previsão é de que esse número salte para 10 bilhões. No final do século, segundo o Ined, a população mundial será de 11 bilhões.

No contexto brasileiro, uma das principais mudanças é o envelhecimento da população. Dados do Censo 2010 mostram que a expectativa de vida do brasileiro aumentou 25,4 anos entre 1960 e 2010, passando de 48 para 73,4 anos. Devido à diminuição da mortalidade, a participação da população em idade ativa (15 a 64 anos) cresceu de 54,6% para 68,5%. Também houve aumento da participação da população acima de 65 anos – esse percentual saltou de 2,7% para 7,4% em cinquenta anos.

Não há como o país passar incólume a essas mudanças, que atingem, em maior ou menor escala, a sociedade, a economia e, por consequência, as organizações. Executivos que quiserem perpetuar os seus negócios precisam entender o impacto das mudanças demográficas – e não faltam ferramentas para ajudar nesse processo.

Uma delas é um e-book disponibilizado gratuitamente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea. Organizado por Ana Amélia Camarano, Novo Regime Demográfico: uma nova relação entre população e desenvolvimento é uma coletânea de artigos que discute as implicações das transformações demográficas no contexto brasileiro. Entre outros temas, aborda as relações entre a população e o desenvolvimento econômico; trata dos novos arranjos familiares e do impacto econômico provocado por eles; discute as preocupações com o meio ambiente e a sustentabilidade e reflete sobre as implicações das mudanças demográficas no mercado de trabalho.

Outra referência é História do Futuro, de Míriam Leitão, que aponta, entre outras tendências, a crise nos sistemas de aposentadoria. De acordo com a jornalista, a aposentaria aos 60 anos induz à inatividade precoce e encurta a vida da população. Segundo ela, empregados e empregadores precisarão rediscutir o modelo de organização do trabalho levando em conta novos cenários como, por exemplo, a necessidade de flexibilização. Entre as alternativas possíveis estão os contratos de prestação de serviço – assunto que está sendo discutido desde 2015 no Congresso Nacional por meio do polêmico PL 30, que prevê mudanças nas regras de terceirização. O capítulo do livro de Míriam dedicado às mudanças demográficas também traz sugestões para o empresariado como reter os profissionais por mais tempo nos seus postos de trabalho, aumentar a participação feminina e qualificar a mão de obra.